segunda-feira, 17 de maio de 2010

Marta

1997 foi para mim um ano cheio. Me casei com seu pai, quando já estávamos juntos havia 19 anos. Me aposentei, comecei a trabalhar em outra universidade.

Foi um enorme salto no escuro, um enorme alívio e um sentimento forte de chacoalhar o peso de tanta coisa passada e começar outra vida. Eu me lembro de dizer pro seu pai, lá na Praia do Forte (em janeiro?) que me sentia como se tivesse dado um enorme salto, de uma borda pra outra de um enorme precipício e que estava ainda, cansada, ofegante, meio assustada, mas pacificada, agarrada na superfície de pedra do outro lado, com o sentimento forte de ter dado conta de um pedaço da minha vida, de ter me desvencilhado, mas de estar ainda agarrada na pedra, a salvo de tudo o que havia deixado para trás. E ainda tentando não cair no precipício, me segurando forte.

Estava entrando em outro trabalho e tinha uma enorme esperança e muita garra de lá encontrar a maneira de coincidir comigo mesma. E foi muito muito bom nesse ano e no seguinte. Ainda em 1997, virei avó. Viajei não sei bem para onde e quando cheguei você queria mudar de escola. Que mês foi?

Em minha memória tinha espalhado tudo isso, de modo mais intervalado, pelo tempo. É incrível pensar que tudo isso aconteceu em 1997. Achava que entre a Praia do Forte (quando ganhei aquela aliança de golfinhos e me senti noivando) e o casamento, teria se passado mais de um ano. E não punha no mesmo ano (no mesmo trimestre, aliás) tudo isso.

Tive vontade de lhe dizer tudo isso.

3 comentários:

  1. foi um trimestre intenso, mesmo. e eu não lembrava que vocês tinham casado esse ano! foi uma festa tão divertida, cheia de margueritas, danças, o grude de gravata borboleta! você podia encontrar aquela foto e mandar pra eu colocar aqui. beijos.

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sejamos docemente biográficos