segunda-feira, 17 de maio de 2010

Bernardo RB

Mil novecentos e noventa e sete tttttttt Belo Horizonte, 1997

Nessa época eu achava que música eletrônica era uma utopia. Eu até tinha um fanzine independente chamado Delirium, sim, grande delírio, o papo raver de “paz, amor, união, respeito”. Eu tinha 13 anos e, quando conseguia sair à noite, era realmente ótimo. A internet era totalmente diferente e eu adorava ler as coisas do www.hyperreal.org, que eu nem tava lembrando, mas existe até hoje.

Vejo o delírio como uma coisa positiva, quando podemos ver. Em 1997 estudava no Colégio Santo Antônio, sob uma direção que impedia os alunos de usarem colares com design da folha da cannabis sativa. O argumento era que a polícia estava apreendendo aqueles materiais. Se quisesse meu colar de volta, minha mãe tinha de ir lá buscar. Há um tempo atrás, essa instituição foi escolhida como número 1 pela revista Veja BH. Era outra direção, mas isso diz muito sobre um certo tipo de delírio.

Naquela época, eu ia tipo de mês em mês na psicóloga do colégio, porque sempre arrumava alguma discussão com professor. Sentava lá com ela e inventava toda uma vida que poderia ser, mil idéias, amigos e viagens.

Ela escutava com uma cara super séria, confirmando tudo o que eu dizia com a cabeça. Talvez ela visse sim que era tudo mentira, mas também ansiava por acreditar em alguma coisa, por clarear o dia com uma ficção. Sair daquela banalização de psicóloga, ou chatice escolar.

Minha mãe, que tem a mesma profissão e sempre me alerta sobre aqueles que sabem reconhecer tudo, foi essencial pra mim em 1997. Ela foi chamada à escola e, após conversar com a psicóloga, decidiu que tínhamos que sair dali rápido. Eu jamais conseguiria tomar essa decisão, sempre achava que tinha que agüentar pesadelos, que a escola sabia e tal. Foi o final de 1997. Devo ter ido em alguma festa pra comemorar.

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b

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