Meu aniversário de 18 anos, em 18 de dezembro daquele ano, simbolizava o fim da adolescência, a iminência da vida adulta, da maternidade e do novo ano.
Aquele foi o reveillon mais intenso já vivido por mim. Um sincretismo de felicidade e tristeza, confiança e medo, determinação e incertezas surgiu num episódio íntimo, à ser mantido na privacidade daquele momento.
Lembro-me bem de lamentar a morte de Chico Science e, dois dias depois, comemorar a chegada do meu rebento, numa segunda-feira de carnaval.
Experiência maravilhosa esta!
Um mês e meio depois peguei um avião e vim passar um tempo em Recife e João Pessoa com o meu filho.
Fiquei quase dois meses no nordeste, me fortalecendo através do carinho da família e a sabedoria de minha avó.
Neste período minha tia trabalhava num posto de saúde em Cabo de Santo Agostinho, que atendia a população carente, grande parte cortadores de cana-de-açúcar. Um dia a campaínha toca no final do dia, quando vou atender vejo minha tia com um bebê de 3 dias no colo, que a mãe havia abandonado num banco do posto no momento em que a ambulância chegou para levá-la de volta à roça.
Foi assim que ganhei mais um primo entre os quase 40 que tenho só desse lado da família.
O ano todo foi um reflexo dos seus primeiros minutos.
Era impossível me dar conta, naquele momento, das transformações pelas quais passava.
E ao final daquele ano, mais uma experiência forte simbolizava uma nova fase de mudanças. No natal de 1997, pela primeira vez bebi o "vegetal" no Sítio Sollua e então comecei minha viagem sem volta às profundezas do meu interior.
Certamente este foi o ano mais intenso da minha existência.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
sejamos docemente biográficos