terça-feira, 18 de maio de 2010

Lenina Mesquita

Concluí o segundo grau em 1996. Lembro-me das últimas provas que fiz, barriguda, bem barriguda aos seis meses de gestação.

Meu aniversário de 18 anos, em 18 de dezembro daquele ano, simbolizava o fim da adolescência, a iminência da vida adulta, da maternidade e do novo ano.

Aquele foi o reveillon mais intenso já vivido por mim. Um sincretismo de felicidade e tristeza, confiança e medo, determinação e incertezas surgiu num episódio íntimo, à ser mantido na privacidade daquele momento.

Lembro-me bem de lamentar a morte de Chico Science e, dois dias depois, comemorar a chegada do meu rebento, numa segunda-feira de carnaval.
Experiência maravilhosa esta!

Um mês e meio depois peguei um avião e vim passar um tempo em Recife e João Pessoa com o meu filho.
Fiquei quase dois meses no nordeste, me fortalecendo através do carinho da família e a sabedoria de minha avó.

Neste período minha tia trabalhava num posto de saúde em Cabo de Santo Agostinho, que atendia a população carente, grande parte cortadores de cana-de-açúcar. Um dia a campaínha toca no final do dia, quando vou atender vejo minha tia com um bebê de 3 dias no colo, que a mãe havia abandonado num banco do posto no momento em que a ambulância chegou para levá-la de volta à roça.
Foi assim que ganhei mais um primo entre os quase 40 que tenho só desse lado da família.

O ano todo foi um reflexo dos seus primeiros minutos.
Era impossível me dar conta, naquele momento, das transformações pelas quais passava.

E ao final daquele ano, mais uma experiência forte simbolizava uma nova fase de mudanças. No natal de 1997, pela primeira vez bebi o "vegetal" no Sítio Sollua e então comecei minha viagem sem volta às profundezas do meu interior.

Certamente este foi o ano mais intenso da minha existência.



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