terça-feira, 18 de maio de 2010

Marcio Leandro Oliveira

Em 1997 eu fui pra faculdade. Minha primeira e inconclusa faculdade. No final do ano anterior eu só pensava em continuar na escola. Não que eu gostasse de aulas, mas gostava da escola, das pessoas que estavam lá, de conviver com elas. Por não gostar de aulas, por achá-las chatas e insuficientes, sempre fui um aluno nota c. Talvez por isso mesmo eu gostasse das aulas de arte e de educação física. Tinha 18 anos e, vigor e mais vigor, acabei me achando no esporte e, como não poderia continuar na escola – birra – acabei optando em prestar vestibular pra Educação Física. Na faculdade, que era física, mas também educação, descobri que existem muitas formas de se ensinar e que, na verdade, eu nunca tinha me adaptado aos métodos escolares por que passei. Enfim, descobri que não era tão burro quanto imaginava.

1997 foi também o ano em que eu tive uma banda. Eu adorava porque tocava com uns caras que eram bons. Eu ficava admirado como pra mim era tão difícil executar as combinações de notas nas teclas brancas e pretas, mas pra eles a música saía tão fácil... acho que eles só deixavam eu tocar com eles porque eu tinha um teclado... Assim como na escola, eu gostava de estar com eles, tocar com eles, mas odiava ensaios, estudos solitários... a gente fez alguns shows, tapinhas nas costas, holofotes, aprendizes de grupies mandando beijinhos da platéia... eu adorava aquela vida. Mas música exige esforço pra quem não é tão bom naturalmente e foi aí que eu descobri que eu não gostava tanto assim de música pra me dedicar. Me lembro do guitarrista da banda me vendo tocar e dizendo: “você é um desperdício. Tanta sensibilidade e tanta preguiça”.

A vida era o agora e em algum momento, não sei qual momento, deixou de ser. 1997 era um pouco antes do ano dois mil e era preciso urgência porque... vai que o mundo acaba...

Em 1997:

A princesa Lady Di morreu num acidente de carro no dia em que eu completava 19 anos.

O Fluminense foi bi-rebaixado no campeonato brasileiro.

Comi um space cake. Foi minha única experiência com alucinógenos.

Ouvi pela primeira vez Kind of Blue, do Miles Davies.

Li Cem Anos de Solidão.

Vi pela primeira vez um filme do Pasolini.

Pela primeira vez, de verdade, me apaixonei.

No terceiro dia do ano chegou lá em casa meu gatinho siamês, Nicolau. Ele está comigo até hoje.

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