Em fevereiro de 1997, voltei da França. Estive lá acho que desde agosto ou setembro de 1996 convidado pra fazer um seminário na École des Hautes Études sobre a poesia atribuída ao seiscentista Gregório de Matos e Guerra. Eu o fiz etc. Era inverno. O céu muito baixo, de chumbo, cinza, opressivo. E o frio, o frio frio, desgraçadamente frio. Paris não era uma festa. Quando voltei para o Brasil, começo de fevereiro de 1997, o avião parou no Rio antes de seguir para São Paulo. Quando abriram as portas, o verão entrou com seus 40 graus, e aquele cheiro de Mata Atlântica, úmido e verde e denso e quente, como uma surpresa, um tapa de boas vindas. Me reconheci, disse comigo: "Brasil!". E me senti em casa, no mato. Não sou nacionalista, gostaria de ser apátrida e ter nascido na fronteira do Paraguai com a Finlândia (Lévi Strauss dizia que para ele o Brasil era um perfume queimado. Para mim, é o perfume vivo da Mata Atlântica). Gosto muito do Brasil por causa dele. Não. Acho que só gosto é dele, do cheiro quente de mato úmido onde agora uma orquídea acaba de abrir silenciosa e profunda, sem ninguém saber. O Brasil é outra coisa. O Brasil é melhor esquecê-lo. É o que me lembro agora de 1997.
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!!!
ResponderExcluire eu falando semana retrasada pro B que tudo em família desde vovô João Alfredo a gente faz mesmo é só cortar o mato como quem vive dele viver sempre crescendo - - -