segunda-feira, 20 de junho de 2011

João Adolfo

Em fevereiro de 1997, voltei da França. Estive lá acho que desde agosto ou setembro de 1996 convidado pra fazer um seminário na École des Hautes Études sobre a poesia atribuída ao seiscentista Gregório de Matos e Guerra. Eu o fiz etc. Era inverno. O céu muito baixo, de chumbo, cinza, opressivo. E o frio, o frio frio, desgraçadamente frio. Paris não era uma festa. Quando voltei para o Brasil, começo de fevereiro de 1997, o avião parou no Rio antes de seguir para São Paulo. Quando abriram as portas, o verão entrou com seus 40 graus, e aquele cheiro de Mata Atlântica, úmido e verde e denso e quente, como uma surpresa, um tapa de boas vindas. Me reconheci, disse comigo: "Brasil!". E me senti em casa, no mato. Não sou nacionalista, gostaria de ser apátrida e ter nascido na fronteira do Paraguai com a Finlândia (Lévi Strauss dizia que para ele o Brasil era um perfume queimado. Para mim, é o perfume vivo da Mata Atlântica). Gosto muito do Brasil por causa dele. Não. Acho que só gosto é dele, do cheiro quente de mato úmido onde agora uma orquídea acaba de abrir silenciosa e profunda, sem ninguém saber. O Brasil é outra coisa. O Brasil é melhor esquecê-lo. É o que me lembro agora de 1997.

Um comentário:

  1. !!!

    e eu falando semana retrasada pro B que tudo em família desde vovô João Alfredo a gente faz mesmo é só cortar o mato como quem vive dele viver sempre crescendo - - -

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sejamos docemente biográficos