sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

cavaloDada

1997 foi 1ano catalisador, tlvz o 1o deles, vívidos e constantes, eu estava na 7a série, 12 p/ 13 anos, e a vida abria p/ mim certas janelas que eu dedicaria muito tempo adiante a contemplar e sentir os ventos.

percebia vazios e alegrias. tesão, tédio, raiva. tesão. sentava n1 cadeira de frente p/ a porta da sala de aula, que era mantida fechada! na porta havia 1janelinha de vidro que dava p/ 1escada, meus olhos voavam c/ as pernas das moças do andar de cima, borboletinhas rosas saltitando p/ o ensino médio. bem míope, magro, às vezes engajado em brigas c/ os playboys, nas quais jamais me saí muito bem graças ao porte físico de pacifista.

amava as bancas de revista, e meu radar captava então mudanças nos gibis. descobria a existência de roteiristas, artistas gráficos, diferentes modos de mostrar, narrar, misturar coisas. sérios mergulhos na fascinante fábrica de universos da criação.

nos ouvidos chegavam, c/ alg1 demora e juventude eterna, os ruídos lindos de nirvana pixies sonic youth. o “quer fazer faz!”, 1relação de arte e virulência, o valor da partilha, cidadania nos campos de extermínio, toda 1ética punk de militância e autonomia.

a rua, àquela altura, era o bairro diurno, a correria da minha bicicleta, e o reino vegetal p/ mim ainda estava circunscrito à goiabeira, ao mamoeiro, à pimenteira, ao pé de ata, ao de manga e ao de murici, que permeavam todos os meus caminhos.

veio fulminante, a poesia.

william blake foi o meu 1o guia, profeta nietzschiano e sócrates dionisíaco, pois deu início em mim a 1devastadora reviravolta de valores.

pelos vales das suas visões eu sentia, ao msm tempo, a febre da linguagem e a perversão irresistível da régua cristã (eu nasci e vivi muitos anos debaixo da cosmogonia bíblica), 1vislumbre de energias tão potentes ao lado de duendes e diabos, suores e vapores. 1escrita rebelde, mística e sensual, onde encontrei 1prazer lúcido das sensações.

e foi msm fatal, afinal “ñ se pode servir a 2senhores”: desde ali aprendi a ñ retroagir nunca do compromisso c/ a poesia, e nunca deixei de confundi-la c/ a descoberta de si msm, e c/ a sabedoria vazante do perigoso fogo.
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