Selvagem, 1997, o coração preso à dependência do que no futuro teria nome, cara de monstro, e uma pausa no silêncio. A manipulação do sono e dos sonhos. Nunca mais eu estaria ausente. A solução para os problemas surgiria com doses homeopáticas de maturidade, e os 14 anos de idade em questão, serviriam para uma prova ao sexo em contraste com tanta inocência proveniente das ruas calmas e ensolaradas do interior: uma cidade propícia e à deriva, as portas fechadas, uma preparação para tudo e nada.
Sim, em um ano a mudança para a grande cidade. 1998 quando 1997 é a questão, é o que neste instante importa, como uma lembrança em homenagem ao passado, de volta ao que eu era: flor desabrochando no segredo do casarão plantado por longos corredores, idas ao colégio de freiras, lágrimas aos deuses e santas.
Mas por algum engano ou curiosidade, mantive os olhos abertos para o possível primeiro choque jamais relatado em textos. Se não me falha a memória, titia recém descoberta me levou para sua casa de altos muros, riqueza que jamais me saltaria aos olhos, pois tudo o que eu imaginava seria a aceitação de quem ali perto deveria segurar a minha mão e provar que todo o tempo perdido me fortaleceria na guerra. Guerra que desvendei numa atitude de quem só tem um rosto, duas mãos.
Houve o tempo previsível de sol, praia, ritmos frenéticos do meu silêncio até então lacrado num envelope. Escrevi uma carta onde me ditaram cada palavra, dramas, dores, infelicidade. Era um jogo para atrair a piedade de pai e megera. Mas depois do falso alarde, voltei ao centro de tudo, ao centro de mim, mantendo calmo o mar de uns olhos que poderiam ter visto além dos campos e serras e cavernas. Sozinho, dentro do ônibus, eu observava a nebulosidade silenciosa da montanha tão verde, a estrada tão perigosa, meu senso de segurança tão aguçado como se toda história fosse uma qualidade dramática da família que me oferecia ouro, vastidão de gestos, e cumplicidade, como um cronograma de bons modos, boas sortes, bons mistérios que a vida proporciona. E em 2012 você redescobre os porquês das idas e vindas. 1997 foi selvageria disfarçada de força na adolescência.
Sim, em um ano a mudança para a grande cidade. 1998 quando 1997 é a questão, é o que neste instante importa, como uma lembrança em homenagem ao passado, de volta ao que eu era: flor desabrochando no segredo do casarão plantado por longos corredores, idas ao colégio de freiras, lágrimas aos deuses e santas.
Mas por algum engano ou curiosidade, mantive os olhos abertos para o possível primeiro choque jamais relatado em textos. Se não me falha a memória, titia recém descoberta me levou para sua casa de altos muros, riqueza que jamais me saltaria aos olhos, pois tudo o que eu imaginava seria a aceitação de quem ali perto deveria segurar a minha mão e provar que todo o tempo perdido me fortaleceria na guerra. Guerra que desvendei numa atitude de quem só tem um rosto, duas mãos.
Houve o tempo previsível de sol, praia, ritmos frenéticos do meu silêncio até então lacrado num envelope. Escrevi uma carta onde me ditaram cada palavra, dramas, dores, infelicidade. Era um jogo para atrair a piedade de pai e megera. Mas depois do falso alarde, voltei ao centro de tudo, ao centro de mim, mantendo calmo o mar de uns olhos que poderiam ter visto além dos campos e serras e cavernas. Sozinho, dentro do ônibus, eu observava a nebulosidade silenciosa da montanha tão verde, a estrada tão perigosa, meu senso de segurança tão aguçado como se toda história fosse uma qualidade dramática da família que me oferecia ouro, vastidão de gestos, e cumplicidade, como um cronograma de bons modos, boas sortes, bons mistérios que a vida proporciona. E em 2012 você redescobre os porquês das idas e vindas. 1997 foi selvageria disfarçada de força na adolescência.
- - -
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sejamos docemente biográficos